domingo, 31 de julho de 2016

ÉTICA e LIBERDADE

ÉTICA e LIBERDADE

"O homem é uma interseção entre dois mundos: o real e o ideal. Pela liberdade humana, os valores do mundo ideal podem atuar sobre o mundo real." Hartmann


   Com recorrência muitos julgam o campo da ética ao crivo da normalização, das leis e regras. De modo geral, tal perspectiva, filosoficamente falando estaria atrelada á moral. Em filosofia, ética e moral são conceitos distintos. Poderíamos pensar a ética como o "por que" de uma ação, enquanto à moral, restaria dizer se esta ação esta de acordo ou não com determinada regra, lei.
    Em que mediada a ética exige liberdade? Na medida em que a liberdade é sua base. Não existe ética sem razão, sem racionalidade, assim como, a ética por si é algo caracteristicamente humano. Assim sendo, optar por determinado modo de ação, buscar agir de modo ético, não é seguir uma lei, antes disso, é a capacidade humana de sentir-se livre por escolher e fazer - o que desemboca na responsabilidade.
   
O exercício ético pressupõe o uso da razão e da liberdade, é por meio deste campo que envolve pensar e fazer que o homem transcende o que há em si de animalesco e destina-se a um "ser mais". A ética consiste, portanto, no fazer-se humano em transcendência a si buscando o bem e a justiça.

                                                                                           Bruno Fleck, 31/07/16.

sábado, 30 de julho de 2016

Respiro passado.

O primeiro respiro, no ar gelado da manhã é o dos sonhos.

Sonhos sonhados, os da noite, os do dia, os da Eternidade.

O ar da manhã passa, esquenta, o sonho faz-se outro.

Seria eu somente um sonho já passado?

                                                                          B.Fleck

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Sócrates e a Filosofia para Crianças


Sócrates e a filosofia para crianças

Bruno Fleck
Introdução
Nota-se que a proposta do ensino de filosofia para crianças é tema discutível ainda no cenário que trata do ensino da filosofia aquém do nível superior. Inúmeros são os posicionamentos que direcionam opiniões a extremos. Entretanto, mediante o espaço de discussão ainda aberto, algumas ideias, propostas e métodos pedagócico-filosóficos surgiram. A proposta e método de ensino de filosofia para crianças de Matew Lipman é uma destas poucas alternativas concretas de reflexão e aplicação à temática que aqui tratamos.
O programa criado por Matew Lipman na década de setenta nos Estados Unidos deve ser levado em consideração não somente pela considerável estrutura temática que o fundamenta, mas também, por dados que revelam a eficácia do mesmo. Sua tradução em mais de dez línguas em mais de trinta países dos cinco continentes revela a eficácia do programa, o que chamou interesse e resultou no apoio de organismos como UNESCO e UNICEF (KOHAN; WAKSMAN, 1998). Diante disso, a proposta de Lipman tem muito a contribuir em nossa atividade que possibilita o “despertar filosófico” em jovens, porém, de modo particular, senão específico, sobretudo, nas crianças. No que se refere à fundamentação da proposta, tem relevância neste acontecer filosófico nas crianças a apropriação que Matew Lipman faz da herança grega da filosofia, que dispõe de fontes e métodos sem os quais não se faz filosofia. Neste sentido, destacamos a apropriação que Matew Lipman faz da ironia e maiêutica socráticas.

Apropriação oriunda da herança socrática
Toda aquisição de conhecimento passa por uma reestruturação da visão de mundo do sujeito que aprende, conhece. Tal procedimento cognitivo é o que permite fazer da educação o fator denominador de uma mudança de consciência, de ser e existir, de pensamento. O movimento que permite isto é dialético; ou seja, é o confronto de ideias distintas que propicia no sujeito cognitivo inferir um resultado. O raciocínio lógico começa com contradições. E isto nos é dado pela herança grega.
Em Sócrates, o diálogo esta na base do filosofar, é o dramático embate de consciências, confronto de opiniões pessoais (PESSANHA; in REZENDE, 2005, p.64). A partir do dia-logos, das falas e opiniões contrárias, surge a consciência de que não se sabe tudo, inicia-se o processo, utilizado por Sócrates e denominado de maiêutica. A presença do outro, de um interlocutor no diálogo, na partilha de ideias, é algo determinante no processo do filosofar. A opinião alheia é o que permite a ampliação de pontos de vista e perspectivas diversas. Sem dúvida, o uso da maiêutica socrática no processo do acontecer filosófico em crianças que cursam as séries do Ensino Fundamental é já um pressuposto de futuros cidadãos que, em consequência disso, não terão dificuldade em vivenciar a alteridade, assim como, poderão desenvolver uma noção mais esclarecida de política.
Ainda mais, convém ressaltar que o legado socrático do método maiêutico propiciou a intuição de Matew Lipman de que é neste movimento dialético que surge o interesse pela investigação, a curiosidade necessária ao filosofar. A ironia socrática também teve relevância na proposta de Lipman, ambas as faces da herança socrática tem evidência no que Lipman chamou de planos filosóficos de discussão[1]. Trata-se de uma proposta simples, incidindo de um processo ao modus socrático próprio, onde o professor, que tem a função da ser aquele que desperta os alunos para a atitude filosófica formula um grupo de perguntas, que ganham profundidade a partir das respostas dos alunos. Pouco a pouco o processo não se restringe a perguntas e respostas, mas mediante a mudança de temas exige sempre mais uma reflexão. Segundo a proposta do filósofo americano, esta série de perguntas que compõe os planos de discussão pode ser de: caráter cumulativo, quando as perguntas se estruturam uma sobre as outras; ou não cumulativos, quando não há uma ligação estrita entre as perguntas, o que mediante as respostas e ao problema chave do grupo de perguntas abre um horizonte mais extenso de possibilidade de opiniões e ângulos diferentes (Ibid, p.117).    

Conclusão
Não resta dúvida de que o método socrático esta presente na proposta de Matew Lipman e desempenha em seu projeto um fator determinante, o filosofar. O descontentamento gerado pela dúvida pode ser o caminho para a aporia; o choque de ideias, a frustração da consciência que se reconhece ignorante, este é o movimento interno, dialético cognitivo, que garante o início do filosofar já nas crianças. Talvez, esta parte importante da proposta de Lipman possa ser usada também no Ensino Médio, para aqueles que nunca tiveram contato com a atitude filosófica. Vale ressaltar, que o enfoque de Matew Lipman é sempre pertinente, pois aponta o caminho do ensino da filosofia para crianças e jovens não por via da aquisição de saberes recorrentes da História da filosofia, o que parece ser o caminho exclusivo na atuação de muitos; mas uma apropriação das contribuições dos grandes mestres da filosofia, como o destaque que aqui é dado a Sócrates, que possam direcionar a finalidade da atuação pedagógica do professor de filosofia para um aprender a filosofar, no sentido pleno do termo. Configura-se, desse modo, uma proposta pertinente, a ser considerada nos diversos institutos que não deixam de acreditar que o caminho para a formação integral de seus alunos, passa, sobretudo, pela filosofia.

Referências Bibliográficas
KOHAN, Walter O; WAKSMAN, Vera (Org). Filosofia para crianças na prática escolar. Petrópolis, Vozes, 1988.
PERINE, Marcelo. Ensaio de iniciação ao filosofar. São Paulo, Loyola, 2007.
REZENDE, Antonio (Org). Curso de Filosofia. Rio de Janeiro, Zahar, 2005.





[1] LIPMAN, Matew. Sobre planos de discussão e exercícios filosóficos. in KOHAN; WAKSMAN (Org.). Filosofia para crianças, na prática escolar. Petrópolis, Ed.Vozes, 1988, p.115.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

FILOSOFIA?


Nada de espantoso encontrar em nosso cotidiano pessoas, com ou sem formação intelectual, que não reconhecem ou não demonstram esforço por saber qual o papel da filosofia em meio às diversas ciências, ou ainda, qual sua utilidade hoje. Muitos acreditam estar em Diógenes de Laércio, quando relatou o pequeno conto sobre Tales, a sentença acerca da figura do filósofo. Diz o conto que Tales, após ser convidado por sua governanta a contemplar as estrelas, ao sair de sua casa, já atento ao céu estrelado, teria caído numa vala e de dentro da vala teria sido insultado e convidado, pela velha governanta, a antes de contemplar a adquirir o conhecimento do céu, ter conhecimento do que existe há um palmo de sua frente. Pelo que parece assim foi introduziria no senso comum a mais formosa e bela sentença sobre o filósofo definido como aquele sujeito com uma enorme e paleolítica barba, pensando com seus botões totalmente desligado do mundo!
Leso engano. Toda pessoa pode e deve fazer despertar em si mesma a atitude filosófica. Em que consiste tal atitude? Evidente que muitas respostas são possíveis, mas podemos entender como filosófica a atitude de não aceitar, sem antes haver refletido, qualquer suposta verdade que nos é apresentada; se, por ventura, algumas já estiverem presentes em nossa vida, em nosso dia-a-dia, trata-se de questioná-las. A modernidade esclareceu isso, que sem a dúvida possivelmente não há filosofia.  A atitude filosófica não é a de dar resposta às grandes questões da humanidade, o caminho é o inverso, é sempre o de problematizar, o que tem e o que não tem resposta. O filósofo esta inserido na realidade, que é seu campo de trabalho. Da realidade é que surgem as problemáticas da filosofia. Platão defendia que o filosofar é fruto de um sentimento, a admiração, ou seja, trata-se do homem que admira as coisas de modo que esta admiração lhe causa curiosidade, vontade saber, de conhecer. Nosso velho Aristóteles, por sua vez, segue seu mestre e em sua famosa obra intitulada Metafísica entende a filosofia como a mais elevada de todas as ciências, tendo por objeto o conhecimento das causas e dos princípios da realidade. Todo homem tende ao saber, procurar sempre conhecer mais, permanecer na ignorância seria ir contra sua própria natureza. A isto esta atrelada a função da filosofia, que em seu conceito dá ao filósofo a estatura de amante obsessivo da sabedoria.
Obviamente não podemos considerar que qualquer devaneio numa tarde de descanso é um trabalho, uma reflexão filosófica. Para “fazer” filosofia é necessário um diálogo com a história da filosofia, ou seja, com os pensadores, que ao longo de séculos deram suas contribuições. Não basta ficar restrito a isso, a esse diálogo, num formalismo acadêmico intelectual, é preciso ultrapassar isso em vista de uma filosofia perene. Ou seja, a construção de uma reflexão filosófica deve ultrapassar a problematicidade do real, adentrar nos conceitos e possibilidades dadas pelos pensadores que compõem a história da filosofia de modo a incrementar-se de possibilidades racionais e como que “retornar” com possíveis respostas ao problema.
Certamente a cultura ocidental não seria a mesma sem o legado da filosofia grega, este novo modo de fazer ciência. Um pouco mais de interesse pode levar qualquer indivíduo, diplomado ou não, a deparar-se com a verdade de que a filosofia se faz presente em todas as possibilidades de conhecimento ao passo que o eixo-central de seu indagar é o homem, o que deve conhecer e o que garante seu conhecer. A cada um de nós cabe a cada novo dia a tarefa de filosofar, de admirar-se, espantar-se com a existência real que se apresenta aos nossos olhos e deixar-se guiar levemente pelos caminhos da razão. Não se trata de um caminho audacioso. Nada mais é do que exercitar a nossa natureza, pensante.

Bruno Fleck



sábado, 17 de agosto de 2013

Com o advento do fenômeno denominado relativismo na era pós-moderna, recorrente vezes fala-se da decadência, abandono, esquecimento, do instinto religioso que existe no homem. Alguns apostam que o fim da religião esta próximo, que não há mais a necessidade de Deus para o homem; o ser humano é senhor de si mesmo, tudo esta em suas mãos. Em linhas gerais este é o argumento. O assunto jamais pode dar-se por encerrado ou deixar-se levar pelos modismos da atualidade. Imersos num cenário cultural de crise da fé, a retomada da consciência de que o ser humano é um ser místico, espiritual e por consequência religioso é urgente. Certamente a crise não esta inserida somente no contexto do cristianismo, apesar de ser evidente uma crise ocidental da fé, mas alarga-se nas outras estruturas de pensamento e fé, além das de caráter judaico-cristão.
Penso haver a necessidade de reafirmar Deus em nossas vidas. Não pode ser descartada em nossos dias a característica espiritual do ser humano, trata-se de um fator antropológico antes de religioso. Acreditamos que a base disto esta na relação criador x criatura, pois: entre o criado e o incriado não há diferença, mas o abismo é total, o abismo do nada. Somente Deus é Ser, toda criatura é um sendo que tem de receber o ser de Deus.[1] Ou seja, devemos ter em mente que nossa existência é fruto do amor infinito de Deus Pai, nós existimos N’Ele e por meio D’Ele e do mesmo modo nós somos portadores de Deus no mundo, coexistimos com a criação que é fruto do amor do Criador, que é reflexo da grandeza de Deus, não se trata de adotar aqui uma visão panteísta, mas sim panenteísta, ou seja, Deus Pai é criador e maior que aquilo que criou.
A partir disto ressoa o dever do autêntico cristão crente, e a mim, na minha condição de cristão, católico apostólico romano, embarcar na contracorrente e dizer creio! Sim, o mundo precisa de Deus, a Encarnação divina do Filho nos deu vida nova, por Ele somos pessoas novas e devemos sem medo anunciar para a glória de Deus Pai e seu louvor: Na verdade Jesus Cristo é o Senhor! (Fl2,11). Maior presente, aliás, maior encorajamento, não podia ser nos dado senão a proclamação do ANO DA FÉ, pelo motu próprio PORTA FIDEI pelo Papa Emérito Bento XVI em sua condição de sucessor do apóstolo Pedro. O objetivo deste ano é a redescoberta da fé[2]. Não só quem se afastou ou pensa ter perdido sua fé é convidado a isto, mas também o cristão praticante, inserido na sua ecclesia deve redescobrir sua fé. Os conteúdos essenciais da fé, a Tradição da igreja, baseada na Sagrada Escritura formam o nosso patrimônio, por conseguinte, este deve ser sempre revisto, reafirmado, revalorizado e interpretado como luz para nossos dias. A fé fruto da ligação íntima com o Pai, é comunicação, relação, portanto, como já mencionamos. Fé é experiência, antes de tudo. O cristianismo não é um conjunto de crenças e normas morais, antes disso é experiência, com o Cristo. É sentir-se filho amado de Deus que é Amor. Caritas Christi urget nos, o amor de Cristo nos impele; quem faz a experiência não a guarda para si, mas sente no coração a necessidade de transmiti-la. Experiência, vivência, transmissão este parece ser o processo de redescoberta. Quem crê fez a experiência, vive a fé, isso se torna testemunho e transmissão. Impelido pelo amor de Cristo o cristão é sinal visível de esperança para o mundo. Acerca disso falava o memorável Papa Paulo VI: Para a Igreja, o testemunho de uma vida autenticamente cristã, entregue nas mãos de Deus, numa comunhão que nada deverá interromper, mas igualmente dedicada ao próximo com um zelo sem limites, é o primeiro meio de evangelização. (...) O homem contemporâneo ouve com mais boa vontade as testemunhas do que os mestres, ou então, se ouve os mestres, é porque eles são testemunhas (PAOLO VI, Evangelli Nuntiandi).
A fé é uma busca, a razão do homem exige o conhecimento, a experiência daquilo que é eterno, que nos dá segurança para viver. Cabe a nós, durante este Ano da Fé deixar-nos guiar por este sentimento próprio do nosso “ser” humano de modo mais assíduo, ou seja, renovar o encontro com o Sagrado, pôr-se na condição de criatura e dizer: Creio Senhor, mas aumentai minha Fé! Nossa vida se tornará diferente, tudo terá mais sentido. Redescobrir a fé, os impulsos do nosso coração, da nossa razão, para Deus. Encoraja-nos o Papa Emérito a seguir esta exigência essencialmente humana nossa que constitui um convite permanente, inscrito indelevelmente no coração humano, para caminhar ao encontro daquele que não teríamos procurado, se ele mesmo não tivesse já vindo ao nosso encontro. É precisamente a este encontro que nos convida e abre plenamente a fé.[3] Nestes sentimentos estamos dispostos à redescoberta de nós mesmos, da quem somos e para onde vamos. Logo mais o Ano da Fé terá seu encerramento, na Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo, fim do ano litúrgico cristão, e que assim seja na vida de todos, terminar e recomeçar, na consciência de criatura, que tudo recebe do Pai Criador, a Razão Eterna, Logos que se Encarnou e esvaziando-Se, assemelhando-Se à nossa humanidade deu sentido ao nosso caminhar, que de manhã nasce, fica verdejante, à tarde seca e morre como lembra o salmista, mas que se prolonga e eterniza no mistério do amor de Deus.
Bruno Fleck



[1] ECKHART Mestre, Sermões Alemães. Petrópolis, Vozes, 2005, p.8.
[2] Carta Apostólica sob forma de “Motu Proprio” Porta Fidei do Sumo Pontífice Bento XVI com qual se proclama o ano da fé. Brasília, Edições CNBB, 2011, p.10.
[3] Ibid,p.17.
 

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Advento



                                              ADVENTO


Com toda a Igreja damos inicio ao tempo do Advento[1], o primeiro do Ano Litúrgico, fazendo memória do mistério de Cristo no tempo, Ele que é o mesmo, ontem, hoje e sempre (Hb 13,8). Podemos dizer que o tempo do Advento possui uma dupla característica: primeiramente, a de preparar e anunciar a primeira vinda do Filho de Deus entre os homens, o Verbo encarnado, por meio do Natal; depois, como consequência, a de um tempo de preparação, já num sentido escatológico[2],  ou seja, tendo em vista a segunda vinda do Cristo (parusia), no fim dos tempos. Isto é bem visível no prefácio do advento I, a dupla vinda de Cristo: Revestido da nossa fragilidade, ele veio a primeira vez para realizar seu eterno plano de amor e abrir-nos o caminho da salvação. Revestido de sua glória, ele virá uma segunda vez para conceder-nos em plenitude os bens prometidos que hoje, vigilantes, esperamos[3].
Ao longo de quatro semanas esperamos com solicitude e vigilância a vinda do Salvador. Neste período emergem algumas figuras bíblicas de destaque: Isaias, onde é notável em sua profecia, mais do que nas demais um grande eco, um anúncio de esperança para o povo de Deus; João Batista, o último dos profetas, encontramos na sua pessoa o espírito do advento, ele é o sinal da intervenção de Deus em favor do seu povo, o precursor do Messias, aquele que prepara os caminhos para a vinda do filho do Salvador; por fim, Nossa Senhora, a Mãe do Salvador. Maria é a grande cooperadora no mistério da redenção, invocada biblicamente como a Filha de Sião, a Igreja recorda a sua divina maternidade, unindo o Salvador ao gênero humano.
A teologia do Advento nos fornece um conteúdo riquíssimo considerando a dimensão histórica da salvação pelo mistério da vinda do Senhor. Deus quis salvar o seu povo manifestando-se em Jesus Cristo. O Advento nos recorda que a história é o lugar do agir das promessas de Deus, todos somos herdeiros da salvação (Hb, 1, 14). Evidencia o profeta Isaias que Deus é fiel, a nós, às suas promessas. Cabe, portanto, a nós cristãos vivenciarmos o Advento como um tempo de muita alegria e vigilância, é tempo também de esperança e de graça, que só acontecem quando nos voltamos para o Senhor, ou seja, quando temos em nós também o apelo de constante de conversão.
 “O Deus do advento é aquele que aterra os vales, aplaina as montanhas, faz com que o deserto floresça, coloca juntos o leão e o cordeiro, transforma as armas em foices. Nada é impossível para Deus. O Deus que entra com o seu Advento somente nos corações pobres e disponíveis é, ao mesmo tempo, o Deus protetor da causa dos pobres e dos oprimidos.”[4]
Por Bruno Fleck



[1] Advento, do latim: adventus: chegada; no vocabulário antigo pagão: acontecimento.
[2] Do grego Escaton: Fim, conclusão, término.
[3] Missal Romano, p.406.
[4] BERGAMINI, Augusto. Cristo Festa da Igreja: história, teologia, espiritualidade e pastoral do ano litúrgico. São Paulo: Paulinas, 1994, p.188. 

segunda-feira, 5 de março de 2012

A filosofia de Paul Ricoeur e a ética



O legado dado pelo pensamento de Paul Ricoeur é atualmente referência no que diz respeito às investigações das ciências humanas, sobretudo, no se refere ao pensamento ético na filosofia contemporânea. O filósofo francês (Valência, 1913-2005) consagrou seu pensamento atravessando diversas linhas de pensamento, sua obra atravessa os campos da fenomenologia, da hermenêutica, do estruturalismo e da ética.
Seu pensamento constituiu a ontologia de um ser humano interpelado pela finitude existencial que deseja vivenciar uma existência realizada, plenificada, na finalidade de constituir-se um ser humano capaz; entretanto, isso acontece mediante o conhecimento do próprio sujeito, de si-mesmo, uma tarefa hermenêutica existencial para consigo mesmo.
Tal tarefa não representa um fato dado, sujeito a constatações imediatas; mas constitui uma tarefa para a vida toda. O conhecimento de si-mesmo, se aprofundado, gera suspeita, pois, se conclui que consciência de si, ou melhor, sobre si, parece não é tão exata. Desse modo, Ricoeur propõe um longo caminho a ser percorrido onde o exame de si assume uma postura epistêmica, uma identidade, caracterizada como identidade narrativa. O sujeito que narra a si próprio, a sua existência, realiza ao mesmo tempo uma interpretação de si mesmo; nisto fica evidente a importância do reconhecimento histórico e da hermenêutica como métodos. O exercício do conhecer revela uma dialética com a alteridade, porém, uma alteridade que tem em vista não somente o outro enquanto outrem, mas um outro que sou eu e que “vive” em mim. Esta relação dialética e hermenêutica traz em si a mediação da linguagem, da psicanálise, das narrativas históricas e de ficção, enfim um sujeito que lê sua vida e a narra, conseqüentemente avaliando sua ação, o que é fundamento para uma atitude ética diante da problemática exposta.
A abordagem ética em Ricoeur abrange todo o percurso de seu pensamento, seja ela já logo de início, onde seus primeiros estudos debruçaram-se na compreensão da vontade humana através da dialética entre liberdade e natureza, seja nas implicações éticas da narrativa de si-mesmo, bem como na consumação de um agir ético pautado pela estima e pelo respeito de si-mesmo como um outro e do outro como um si-mesmo. Assim, a abordagem a qual iremos nos deter diz respeito às reflexões ético-morais presentes em sua obra O Si-mesmo como um outro[1]. Num olhar panorâmico de O Si-mesmo como um outro fica evidente que Ricoeur deixa sua abordagem ética para o fim da obra, antes disto, é definido aquilo que alguns chamarão de “enraizamento antropológico,” atuando no exame da linguagem, da ação e da narração; assim a abordagem ética propriamente dita aparecerá nos capítulos VII, VIII e IX da obra.
Paul Ricoeur inicia sua reflexão fazendo uma distinção entre os predicados: bom e obrigatório, onde o primeiro faz referência à intenção ética retomando a tradição teleológica direcionando-se a Aristóteles, onde então, ocorre a exigência de uma vida virtuosa no propósito da felicidade. Já o segundo predicado nos transporta a Kant, à tradição deontológica onde tem vez o agir moral e sua universalização. Dessa maneira, a grosso modo, o conceito de bom remeter-se-á à “estima de si” e o de obrigatório ao “respeito de si”. Ricoeur acredita que há uma relação recíproca entre estas duas dimensões. Assim sendo, num primeiro momento temos aquilo que é considerado o primado da ética sobre a moral (Aristóteles); no segundo momento surge a necessidade da moral validar aquilo que é considerado ético (Kant); e por fim uma espécie de retorno à ética em casos necessários, situações singulares onde somente o recurso à moral não seja totalmente aplicável, retornando à intenção ética e dando lugar à phronésis, como solução, ou seja, a capacidade de agir de modo prudente e conveniente frente a estas situações. Este caminho trilhado dá sentido à constituição daquilo que é denominado “pequena ética”, a regra de ouro de Ricoeur: “Viver a vida boa, com e para os outros, em instituições justas” caracterizando os momentos acima mencionados.

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A tradição teleológica tem seu fundamento em Aristóteles, considerado o primeiro a sistematizar a ética como uma ciência (das virtudes), sendo que em Ricoeur esta tradição aparece então como um “horizonte” à vida ética. O eudaimonismo aristotélico caracterizado pela busca da Felicidade e do Bem como fins últimos pressupõe o papel fundamental da boa ação, o bem agir intencionando uma “vida boa,” um “bem viver”, conseqüências de uma vida virtuosa. Nesta intenção temos presente a estima de si, que na perspectiva ética do nosso filósofo é estima de si e estima do outro, um desdobramento em vista da solicitude.
Aristóteles quando trata da amizade como uma virtude afirma que: “o homem virtuoso é para o seu amigo tal como é para si próprio (por quanto o amigo é um outro ‘eu’)” [2] Ou seja, de certo modo, vemos já o transparecer da solicitude, e em Aristóteles destacando o conceito de amizade, aquilo que soa como justiça e igualdade em consideração às relações de alteridade, pois, como declara Ricoeur em relação à amizade: “ela leva ao primeiro plano a problemática da reciprocidade”. [3] A intenção ética está associada ao reconhecimento do outro, não somente pelo fato de que as relações de amizade são coisas necessárias à vida, mas pelo fato de que daí emergem conceitos tão importantes à vivência ética na atualidade, sejam eles o respeito, a consideração, o ter em conta a dignidade do outro enquanto ser humano insubstituível, etc. Dessa forma, não se pode ter estima de si, sem ter em vista o outro, o que deve predominar aqui é o princípio de similitude.
Tais conceitos nos remetem já ao campo das instituições, e no caso, à uma vivência em instituições justas o que no fundo nos remete ao ethos em seu sentido original. Assim, “o viver-bem não se limita às relações interpessoais, mas estende-se à vida das instituições”. [4] A vivência justa de um sujeito para com o outro implica na possível vivência justa do todo onde a dimensão política ganha peso e por conseqüência o poder. Desta idéia o conceito de justiça ganha destaque nas instituições e Ricoeur o aborda nesta perspectiva teleológica, reconhecendo que primeiramente o que se faz sentir é sentido da injustiça. No entanto, vale retomar Aristóteles que considera a justiça como a principal das virtudes, onde ele nos mostra o modelo de justiça distributiva a qual se encarrega da comunidade política. Assim sendo, para Ricoeur o conceito de justiça está ligado ao conceito de igualdade no plano das instituições e isto de certo modo sacramenta a questão. “A igualdade, de qualquer maneira que a modulemos, é para a vida nas instituições aquilo que a solicitude é nas relações interpessoais.” ····.

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O segundo momento das reflexões éticas adentra ao pensamento kantiano e consequentemente à tradição deontológica, onde aparece com intensidade o domínio da moral. Aqui ocorre o momento onde a visão ética passa pelo crivo da moral, da norma. Consiste numa avaliação geral do imperativo categórico kantiano onde pode ser visto a importância dos conceitos de universalização, de respeito e de autonomia, bem como, o de humanidade. Assim, aparece a “vida-boa” como obrigação, a solicitude como norma e a justiça como “princípios de justiça”.
A intenção da vida-boa ressoa em Kant como “boa vontade”, ou seja, o bem nada mais é do que boa vontade, o bem como designação da vontade; de certo modo, mantendo ainda traços da tradição teleológica. Aquilo que serve como impulso à vida ética é para Kant a vontade, que tem como base a liberdade, condição primeira para qualquer ação moral. A boa vontade, na terminologia kantiana é boa pelo “querer” em si. A nosso ver, o que Ricoeur propõe aqui é que da mesma forma que na tradição ética que a “vida boa” assuma significância, também na moral ela aparece: “Ora, se a ética se manifesta para o universalismo através de alguns traços que acabamos de lembrar, a obrigação moral também não existe sem ligações na perspectiva da ‘vida boa’” [5] A “boa vontade” é universal e aqui se torna obrigação, uma ação realizada por dever; ou seja, o sujeito pensa a sua ação como algo universalizável, aquilo que é bom e correto para mim deve ser para os demais. Isso sustenta o imperativo ao passo que implica no conceito de humanidade, reconhecer a humanidade do outro, tê-lo como fim e não como um meio.
Diante das inclinações, do constrangimento (segundo Ricoeur o constrangimento é aquilo o que determina a forma do imperativo que determina a regra de universalização) [6], a vontade, a boa vontade, carece da norma e tal sentimento resulta na autolegislação, na autonomia da ação, a vontade autolegisladora. A autonomia adquire um papel singular no sujeito da ação. Como afirma Ricoeur: “(...) já não é somente da vontade que se trata, mas da liberdade”[7] A autonomia seria a base do agir moral, é a verdadeira obediência. Desse modo, a vontade boa “sem restrição” será igualada à vontade autolegisladora, segundo o princípio supremo de autonomia.
Do conceito de autonomia é revelada a natureza do conceito de respeito. O respeito funde-se à norma, o respeito deve ser norma em qualquer sociedade que tenha por princípios uma solicitude em vista de valores universais, ou seja, é no plano da obrigação e da regra que o respeito desenvolve-se, caracterizando uma estrutura dialogal da ética. Revela-se já características de uma reciprocidade ética (e moral) em si mesma, de uma solicitude que tem então como equivalente moral o respeito. Ricoeur aborda as problemáticas da violência, apontando, o risco presente nas relações inter-humanas, da exploração, da violência e o do que daí se deriva,[8] pois como aponta o nosso filósofo a violência equivale à perca da liberdade do outro, à “diminuição ou à destruição do poder fazer de outrem.”[9]
Aqui também se dá a universalização, à luz do conceito de pessoa como fim último de humanidade vemos um prolongamento (termo usado por Ricoeur) da universalidade que regia a autonomia. Universalização e humanidade complementam-se, de modo, que está contido no conceito de humanidade a expressão plural do desejo de universalização; o que garante também uma pluralidade à autonomia.
Tal formulação complementa-se na passagem do senso de justiça aos “princípios de justiça.” Ricoeur considera instituições as estruturas variadas do viver junto, que vão podemos dizer da família até a vivência de uma comunidade nacional. A justiça está ligada às instituições como a virtude do cidadão justo, como excelência central e unificadora da existência pessoal e política, presente na tradição teleológica, como visto anteriormente.
O conceito trabalhado nesta terceira parte das investigações deontológicas é o de justiça distributiva, uma modalidade de justiça dada por Aristóteles, conceito este que é o centro da problemática da justiça levantada aqui por Ricoeur. Resultam desta proposta de distribuição algumas ambigüidades, pois a questão da distribuição torna-se problemática em meio à sociedade e para solucioná-las é que se faz necessária a análise e contribuição da deontologia e ainda mais, da contribuição de J.Rawls. A contribuição de Rawls, seguida da análise feita por Ricoeur que compara a justiça ao contrato, nos remete o conceito de Justiça, como nos lembra Pegoraro, à uma virtude da ordem jurídica que visa realizar uma sociedade como sistema eqüitativo de cooperação entre cidadãos livres e iguais. [10]Como resposta surge a proposta dos princípios de justiça, quem têm por finalidade extinguir as desigualdades na distribuição, a idéia de equacionar justiça e igualdade.[11]Tal resposta complementa o acima afirmado, ou seja, a garantia de uma validação do contrato social que ainda sim é preenchido pela universalidade e pela autonomia mantida pelo controle moral de modo a encontrar e resolver os problemas de injustiça naquilo que por vezes aparece como justo. A justiça, ainda mais, deve investigar como são aplicados os seus princípios, deve debruçar-se sobra a eqüidade, enfim, também sobre si mesma em vista da vivência efetivamente justa.

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O terceiro momento da ética ricoeuriana é aquele que apontando os riscos e conflitos presentes numa abordagem restrita à moral da obrigação, ao rigor do formalismo recorrerá à dimensão ética do si dando espaço ao conceito de sabedoria prática – Phronésis. Trata-se não somente de uma apropriação da Phronésis aristotélica, mas sim agora enquanto superação de conflitos de uma Phronésis Crítica. Ou seja, a complementação na regra de ouro de Ricoeur da “vida boa” com e para os outros e também nas instituições justas.
A sabedoria prática segundo Ricoeur consiste na única saída disponível às situações conflitantes. Diante disso, afirma ele que não se trata de constituir uma terceira instância, nem mesmo uma tentativa de redimir a moral à ética, ao contrário, trate-se agora de retornar a uma ética fortalecida e amplificada visto que sujeita foi ao crivo da moral. Trata-se aqui da aplicação de um juízo em situação onde a convicção acaba tendo maior importância que a regra. Cair num formalismo com ar fariseu é uma possibilidade em meio às situações que diversas vezes se apresentam, o olhar direcionado somente e excessivamente à regra dispersa as particularidades das situações, acabam nos cegando; e isto nos é dado, segundo o nosso filósofo, pelo exemplo trágico da ação na mitologia grega, utilizando-se da Antígona de Sófocles, por fim “a sabedoria trágica devolve a sabedoria prática à prova do único julgamento moral em situação.”[12]
A análise de Ricoeur agora se debruça justamente sobre a aplicação da sabedoria prática aos três estágios, porém de modo inverso: a instituição e o conflito; respeito e conflito e autonomia e conflito. Um primeiro problema no que confere à Instituição e conflito e ao pensamento de Rawls se dá ainda na questão da justiça distributiva – como poderia ser possível universalizar valores, títulos, bens? Ainda mais, o conflito se dará na questão das prioridades - no que se refere aos bens sociais primários, primordiais. Como solução, a discussão, o debate das esferas públicas ganha destaque, Ricoeur lembra que os conflitos sociais tendem a aumentar diante das diversidades em ascensão e no plano do debate público é que todos terão voz e vez. O exercício da sabedoria prática marca a importante ligação entre ética e política.
O segundo ponto abordando: respeito e conflito, mostra que o equivalente moral da ética atrelado ao conceito de humanidade (segundo imperativo kantiano) levanta outro risco. Ricoeur novamente alerta a possibilidade de termos respeito pela lei somente e não pelo motivo e pessoa a qual ela se aplica. Aqui, no campo da alteridade o conceito de solicitude deve ser grifado, ao passo que este nos leva de encontro com o outro como este é, em sua singularidade; Ou seja, “o imperativo categórico produz uma multiplicidade de regras, que o universalismo presumido dessas regras pode entrar em colisão com as petições da alteridade, inerentes à solicitude.”[13]Como solução, a sabedoria prática dará enfoque as singularidades, tendo como pressuposto a solicitude, conhecendo em cada caso, em cada pessoa sua real situação, em sua dignidade insubstituível, o que por vezes o formalismo não daria conta.
O terceiro e último ponto analisado por Ricoeur: autonomia e conflito, traz como conceito determinante o de regra de ação. Vemos que a autonomia é o critério do agir moral (Kant), porém, a universalização de uma autonomia fixada na lei pode opor-se à liberdade é então necessário que a estima ética esteja presente na proposta de universalidade. Nisto consiste, não só aqui, mas ao longo de todos os momentos mencionados a tentativa, por parte do nosso filósofo de integrar o “contextualismo” com o apelo à “universalização” a constituição de uma dialética. A proposta é que a intenção ética enquanto estima e autonomia seja dada também na esfera política, somente assim ocorrerá uma efetiva vivência ética-moral dos cidadãos e do Estado em concordância, reconhecimento e reciprocidade.

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Desse modo, o pensamento ético de Paul Ricoeur constitui para a atualidade, para o mundo pós-moderno, que se vê por vezes em meio a tantos conflitos, uma possibilidade de reflexão e ação. Implícita no projeto de um ser humano capaz, a dimensão ética do pensamento ricoeuriano é então parte constitutiva de conhecimento e vivência ética de si e do outro. Reconhecer o outro, fazer prevalecer a solicitude, a alteridade não é tarefa fácil em meio ao predomínio do multiculturalismo, das desigualdades, da mudança de valores e de outros fenômenos atuais; porém, ao nos depararmos com a ética ricoeuriana, em meio ao entrelaçamento da virtude e do dever caracterizados em sua regra de ouro: Viver a vida-boa, como e para os outros, em instituições justas, parece que encontramos uma solução. Aos poucos o si interpelado pela finitude se desdobra no reconhecimento histórico de si, reconhece a si e reconhece também o outro e neste reconhecimento mútuo vê a edificação de uma subjetividade e de uma alteridade alicerçadas sobre a sabedoria que se desdobra em felicidade, reconhecimento, respeito, tolerância, enfim sobre aquilo que a ele assegurará a vivência do bem-viver.

Bruno Fleck da Silva.

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Referências Bibliográficas:

ARISTÓTELES, Ética a Nicômaco. São Paulo: Abril Cultural, 1973

CESAR, Constança M. & VERGINIÉRES S, A Hermenêutica Francesa – Paul Ricoeur
– a Vida feliz em Aristóteles e Ricoeur. Porto Alegre-RS: EDIPUCRS, 2002

PEGORARO, Olinto.A. Ética é Justiça. Petrópolis: Vozes, 3ªed, 2009.

RICOEUR, PAUL. O Si-mesmo como um outro. Trad.Luci Moreira Cesar, Campinas: Papirus, 1991.





[1] RICOEUR, PAUL. O Si-mesmo como um outro. Trad.Luci Moreira Cesar, Campinas: Papirus, 1991.
[2] ARISTÓTELES, Ética a Nicômaco. São Paulo: Abril Cultural, IX, 9, 1170 B, 5, 1973.
[3] RICOEUR, PAUL. O Si-mesmo como um outro. Trad.Luci Moreira Cesar, Campinas: Papirus, p.215, 1991.
[4] Idem, p.227.
[5] Idem, p.239.
[6] Idem, p.243.
[7] Idem, p.245.
[8] CESAR, Constança M. & VERGINIÉRES S, A Hermenêutica Francesa – Paul Ricoeur – a Vida feliz em Aristóteles e Ricoeur. Porto Alegre-RS: EDIPUCRS, 2002, p.125.
[9] RICOEUR, PAUL. O Si-mesmo como um outro. Trad.Luci Moreira Cesar, Campinas: Papirus, p.258, 1991.
[10] PEGORARO, Olinto.A. Ética é Justiça. Petrópolis: Vozes, 3ªed, p.15, 2009.
[11] [11] CESAR, Constança M. & VERGINIÉRES S, A Hermenêutica Francesa – Paul Ricoeur – a Vida feliz em Aristóteles e Ricoeur. Porto Alegre-RS: EDIPUCRS, 2002, p.126.

[12] RICOEUR, PAUL. O Si-mesmo como um outro. Trad.Luci Moreira Cesar, Campinas: Papirus, p.283, 1991.

[13] Idem, p.307.