ADVENTO
Com
toda a Igreja damos inicio ao tempo do
Advento[1],
o primeiro do Ano Litúrgico, fazendo memória do mistério de Cristo no tempo,
Ele que é o mesmo, ontem, hoje e sempre
(Hb 13,8). Podemos dizer que o tempo do Advento possui uma dupla
característica: primeiramente, a de preparar e anunciar a primeira vinda do
Filho de Deus entre os homens, o Verbo encarnado, por meio do Natal; depois, como
consequência, a de um tempo de preparação, já num sentido escatológico[2],
ou seja, tendo em vista a segunda vinda
do Cristo (parusia), no fim dos
tempos. Isto é bem visível no prefácio do advento I, a dupla vinda de Cristo: Revestido da nossa fragilidade, ele veio a
primeira vez para realizar seu eterno plano de amor e abrir-nos o caminho da
salvação. Revestido de sua glória, ele virá uma segunda vez para conceder-nos
em plenitude os bens prometidos que hoje, vigilantes, esperamos[3].
Ao
longo de quatro semanas esperamos com solicitude e vigilância a vinda do
Salvador. Neste período emergem algumas figuras bíblicas de destaque: Isaias, onde é notável em sua profecia,
mais do que nas demais um grande eco, um anúncio de esperança para o povo de
Deus; João Batista, o último dos
profetas, encontramos na sua pessoa o espírito do advento, ele é o sinal da
intervenção de Deus em favor do seu povo, o precursor do Messias, aquele que
prepara os caminhos para a vinda do filho do Salvador; por fim, Nossa Senhora, a Mãe do Salvador. Maria
é a grande cooperadora no mistério da redenção, invocada biblicamente como a Filha de Sião, a Igreja recorda a sua
divina maternidade, unindo o Salvador ao gênero humano.
A
teologia do Advento nos fornece um conteúdo riquíssimo considerando a dimensão
histórica da salvação pelo mistério da vinda do Senhor. Deus quis salvar o seu
povo manifestando-se em Jesus Cristo. O Advento nos recorda que a história é o
lugar do agir das promessas de Deus, todos somos herdeiros da salvação (Hb, 1, 14). Evidencia o profeta Isaias que
Deus é fiel, a nós, às suas promessas. Cabe, portanto, a nós cristãos
vivenciarmos o Advento como um tempo de muita alegria e vigilância, é tempo também
de esperança e de graça, que só acontecem quando nos voltamos para o Senhor, ou
seja, quando temos em nós também o apelo de constante de conversão.
“O Deus
do advento é aquele que aterra os vales, aplaina as montanhas, faz com que o
deserto floresça, coloca juntos o leão e o cordeiro, transforma as armas em
foices. Nada é impossível para Deus. O Deus que entra com o seu Advento somente
nos corações pobres e disponíveis é, ao mesmo tempo, o Deus protetor da causa
dos pobres e dos oprimidos.”[4]
Por Bruno Fleck
[1] Advento, do latim: adventus: chegada; no vocabulário antigo
pagão: acontecimento.
[2] Do grego Escaton: Fim, conclusão, término.
[3] Missal Romano, p.406.
[4] BERGAMINI,
Augusto. Cristo Festa da Igreja: história, teologia, espiritualidade e pastoral
do ano litúrgico. São Paulo: Paulinas, 1994, p.188.
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